terça-feira, 23 de agosto de 2011

A questão da preferência sexual (ativo, passivo e versátil) no relacionamento afetivo e sexual e suas consequências

Sem duvida um dos maiores problemas encontrados no relacionamento e na busca do sexo homossexual é a questão da preferência sexual (ativo, passivo, versátil).
A maioria dos gays não se identifica como passivo ou ativo por meio de experiência e sim por meio de um esteriótipo, aonde a masculinidade é “maior” e determina o ativo, a feminilidade é “menor” e determina o passivo e os versáteis são vistos com certa desconfiança, pois a cultura machista (que ainda se faz presente mesmo entre os homossexuais) necessita de um estabelecimento para um sexo prazeroso. Não somente o sexo, mas também para um relacionamento. A questão da definição do papel sexual na cama é muito mais profunda do que mera questão de prazer, as vezes ela é determinante para um relacionamento, aonde se não houver um “encaixe” perfeito, o relacionamento não consegue progredir.
A questão é profunda, possui significados psicológicos profundos, aonde um jogo de poder acontece, sempre baseado nos papéis de dominação e submissão. Alguns pensam que o prazer do ativo vem da penetração, porém não é bem assim, o prazer do ativo vem da sensação de dominação do passivo, assim como a sensação de prazer do passivo não vem só do ser penetrado e sim de ser dominado, ver a questão da preferencia sexual apenas do ângulo penetrar e ser penetrado é muito simplista é errônea, visto que todos nós possuímos zonas erógenas tanto no ânus, quanto no pênis, portando é certo afirmar que a questão da preferência sexual se dá muito mais por fatores psicológicos de prazer do que biológicos (embora os dois estejam intimamente ligados). Aparentemente isso a olho leigo não traz problemas de relacionamento, mas não é uma realidade, as vezes a questão de dominação e submissão se transformam em uma única forma de se obter prazer e também de se relacionar, restringindo muitas vezes a novas experiências de relacionamento que podem ser muito benéficas. Um exemplo clássico é quando uma conversa anda muito bem, todos os gostos se combinam, todas as aspirações se atraem e ao descobrir a preferência sexual ativa ou passiva do interessado, tudo “desmancha” e o encanto quebra.
As relações heterossexuais possuem esse comportamento típico, porém se tratam de oposto e não de iguais como em um relacionamento homossexual, se na cultura heterossexual os papéis sexuais possuem forte influência, nas relações homossexuais, mais ainda. Na relação homossexual, restringir as polaridades – passiva e ativa – é altamente limitador pois é necessário que haja uma interação para uma completude sexual (e também afetiva). A relação versátil (aonde os parceiros variam entre os papéis de ativo e passivo) possibilidade uma união não somente sexual, mas também afetiva, abrindo caminho para uma libertação emocional e uma quebra do pré-conceito aonde o passivo é mais feminino e o ativo mais masculino, esta concepção não deve haver entre um relacionamento homossexual. O relacionamento homossexual por envolver dois homens não pode estar sujeito as diretrizes estabelecidas pelo relacionamento heterossexual machista, nem aos dogmas moralistas da ideologia heterossexual, caso haja essa concepção limitadora de passivo e ativo muitos possibilidades afetivas e sexuais entre gays se encerram.
Como diz o Psicólogo Klecius Borges a respeito dos papéis sexual em seu livro Desiguais: “Os só ativos ou os só ativos, tanto na cama, quanto na vida, podem estar não apenas reproduzindo de forma inconsciente um padrão heterossexual esteriotipado, mas também perdendo a oportunidade de explorar e descobrir outras formas de amar e ser amado”
Creio que o medo de ser passivo (em uma pessoa que se considera ativa) esta relacionada a dor e ao medo de estar se tornando menos másculo, mas a questão da dor é subjetiva, visto que a dor é uma questão de contingência de reforço, meramente psicológica que resulta em um estado físico de retração muscular anal pela tensão, provocada pelo medo e insegurança. Um ativo que esta acostumado a ser ativo, começa a entender que só esta forma é prazerosa e as demais desnecessárias , visto que o comportamento ativo foi muito repeitido e prazeroso é visto como positivo e a atividade passiva como “negativa”, então ser ativo é positivo e passivo negativo pois ocasiona dor e não é possível um relaxamento (no caso do ativo). Já no caso do passivo a questão é basicamente a mesma, com um teor maior de insegurança ao ser ativo, pois o medo da impotência causa tamanha tensão que acaba acontecendo realmente, ser ativo para o passivo é muito difícil pela questão psicológica de talvez estar afetando a sua “homossexualidade definitiva” levando mais uma vez a uma esteriotipação do comportamento heterossexual. Ser ativo para o que se denomina passivo é possível e ser passivo para o que se denomina ativo também, a questão é basicamente uma questão de prática e repetição.
O Psicólogo e Terapeuta Sexual João Batista Pedrosa dá algumas dicas em seu site sobre como ser versátil (uma dica a um leitor que se descreve como ativo): Para você ser passivo, você tem que reforçar positivamente este comportamento. Ao invés de dor você tem que sentir prazer. Com a prática e a repetição você conseguirá.
Dicas para você:

1. peça para o seu parceiro fazer o Beijo Grego em você, que consiste nele passar a língua no seu ânus;

2. em seguida, peça para ele fazer uma massagem anal, colocando bastante gel no dedo e introduzir devagar no seu ânus;

3. relaxe e respire fundo;

4. quando estiver bem relaxado peça para ele introduzir dois dedos;

5. finalmente ele poderá introduzir o pênis em você com camisinha e bastante gel lubrificante.

Você deve praticar muitas vezes os pontos 1, 2, 3, e 4. No mínimo 10 vezes. Quando começar a sentir bastante prazer na massagem anal e tiver relaxando bem vá para o ponto 5. Boa sorte! E sucesso na nova vida de versátil.”

Um comentário:

  1. Muito interessante e bastante esclarecedor!

    PS: onde estão as dicas para o passivo abrir as portas para a versatilidade? hehe

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